As discussões entre os casais, se realizadas de maneira construtiva,
podem trazer resultados positivos para as crianças. Entenda:
Você toma um cuidado enorme para nunca discutir com seu companheiro na
frente do seu filho, certo? Talvez também se culpe toda vez que escapa
uma pequena briga na presença da criança. Saiba que, ao contrário do que
se pensa, um conflito pode não ser tão prejudicial assim para os
pequenos.
Pesquisadores da Universidade de
Rochester, nos Estados Unidos, avaliaram 235 famílias com crianças entre
5 e 7 anos durante três anos. Para o estudo, foi analisado o
comportamento dos casais durante um conflito, e os cientistas
classificaram os argumentos como destrutivo ou construtivo. O resultado
da pesquisa sugere que é benéfico para a criança verem os pais
resolverem os problemas construtivamente.
Mas
existe mesmo algum benefício de as crianças verem os pais discutirem?
Sim, desde que exista bom senso. Segundo Rita Calegari, psicóloga
infantil do Hospital São Camilo (SP), há um senso comum de os pais
nunca brigarem na frente dos filhos como forma de protegê-los, mas
muitas vezes essa não é a melhor solução. “Se o clima entre o casal não está bom, as crianças vão perceber. Por mais que nada seja falado,
elas sentem a distância um do outro, o silêncio, a mudança no clima da
casa”, diz.
Quando os pais brigam, se a
discussão for saudável, em que cada um expõe seu ponto de vista para
chegar a um ponto em comum, sem agressões físicas ou ofensas dirigidas,
ela pode agregar valores
para a criança. Afinal, é no ambiente doméstico que ela aprende a se
relacionar, a lidar com conflitos, frustrações e diferenças. “Os pais
educam por meio do exemplo. Se a criança presencia uma discussão e
depois vê os pais fazerem as pazes,
se desculpando, ela entende que é normal ficar bravo e não concordar
com outra pessoa, mas que é fundamental haver respeito”, afirma Rita.
Com isso, ela percebe que as relações humanas são permeadas por
conflitos, mesmo entre pessoas que se amam. Isso elimina aquele estigma
de que só briga quem se odeia.
Bom senso
A criança não precisa ficar assistindo às brigas dos pais como
se estivesse numa sala de aula. É importante explicar para ela o que
está acontecendo, e, principalmente, que ela não tem culpa alguma por
aquela situação. “Os pais devem ser intérpretes para os filhos, mas
nunca devem esconder”, diz Rita.
Além disso, não
é tudo que deve ser falado na frente das crianças. Se esse tipo de
conversa for inevitável, nunca peça para o seu filho sair da sala, por
exemplo, para você e seu marido discutirem. São vocês que devem se
retirar. “É importante dizer que os pais vão conversar, mas que ela pode
entrar no quarto a hora que quiser”, afirma Rita.
É preciso maturidade. Discussão é diferente de uma guerra, que, se presenciada pela criança, pode gerar um sentimento de ansiedade
e medo. Por isso, se perceber que o conflito chegou num nível em que
você e seu marido perderam a capacidade de negociar, de entrar num
acordo, é hora de ter um mediador entre vocês, seja um amigo, um parente
ou um profissional.
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